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MULHERES USAM HUMOR PARA DERRUBAR TABU DA MENOPAUSA




Encarar a menopausa com bom-humor é a melhor maneira de enfrentar a situação Últimas de Mulher
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Faça sua pesquisa na Internet: São oito da manhã de uma sexta-feira, e Deb Caruana, 51 anos, personal trainer em Manhattan, acaba de conduzir os exercícios de dois clientes - Jackie Greenberg, uma decoradora de interiores de 30 e poucos anos, e o pai dela, Ronald Greenberg, 59, negociante de arte.

Os três estavam batendo papo quando Caruana, que está na menopausa, subitamente deixou escapar: "Estou sentindo um calor". A conversa parou, e uma risadinha nervosa surgiu depois de alguns segundos. Caruana, no entanto, não se sentiu envergonhada. "Por que esconder?", ela disse mais tarde sobre o episódio, acontecido em março. "Para mim, a menopausa é uma espécie de 'marca da coragem'. As pessoas riem. Nunca se ofendem". Nem sempre foi assim.

Os telespectadores norte-americanos ficaram chocados com um episódio do sediado All in the Family, há 35 anos, quando a normalmente doce Edith Bunker causou caos na vida de todos que a cercavam devido à sua condição, então descrita, delicadamente, como "mudança de vida". Mas hoje em dia, entre pessoas de uma certa idade, referências à menopausa são tão prováveis em uma conversa de jantar quanto comentários sobre o bouquet do vinho.

"Cinco anos atrás, as mulheres não comentariam sobre isso", disse Jackie Greenberg, que se divertiu com a declaração de Caruana. "As mulheres se sentiam inibidas a respeito, e isso mudou. Agora são honestas sobre coisas de que não tratavam diretamente".

Mais que isso, porém, muitas mulheres vêm alardeando seus sintomas de menopausa. Se não estão sofrendo ataques de calor no momento, costumam pelo menos brincar muito sobre a situação, adotando um jargão composto por tiradas secas e pontuado por piscadas e acenos irônicos. "Reagir com uma piscada é uma maneira de dizer à mulher que está falando sobre um episódio que você também já viveu", diz Jenie Linders, 58, autora e letrista de Menopause: The Musical, com canções que levam títulos como Stayin' Awake/Night Sweatin e Drippin' and Droppin. O musical estreou em Nova York em 2001 e, de lá para cá, foi exibido em 150 cidades e nove países, para uma audiência de oito milhões de pessoas, até o momento.

E a zombaria não se restringe aos amigos. Em dezembro passado, Beverly Mahone, 49, de Durham, Carolina do Norte, sofreu um acesso de calor na longa fila do caixa em um supermercado. Ela começou a se abanar com a blusa para aliviar a sensação, e a se queixar em voz alta sobre a demora da fila. Mahone conta que disse à mulher que estava atrás dela: "Menina, estou passando por um daqueles momentos". "Sei o que você está sentindo", comentou a outra mulher. Em seguida, as duas mulheres que estavam à frente de Mahone na filha a flagraram se abanando freneticamente, e riram com simpatia.

Mais tarde, no estacionamento, o grupo debateu terapia com hormônios sintéticos em comparação com remédios herbais, e Mahone, autora de Whatever! A Baby Boomer's Journey into Middle Age, distribuiu cartões às companheiras, que prometeram comprar seu livro. "Isso dá início a todo um diálogo", disse Mahone. "Estamos rindo e fazendo com que as mulheres que se sentem menos confortáveis com o processo percebam que está tudo bem. Nós aceitamos a menopausa. Ela se tornou nosso clube exclusivo".

Em Nova York, em fevereiro, uma sessão semelhante de simpatia espontânea aconteceu no consultório do Dr. Alan Matarasso, cirurgião plástico.

Quatro mulheres de seus 40 e 50 anos, que não se conheciam previamente, estavam sentadas, quietas, na sala de espera, até que uma delas, a atriz Joanna Bonaro, 42, foi chamada para preencher uma ficha. Ela começou a conversar com a gerente do consultório, Lisa Holderby, 46, que contou ter passado recentemente por uma histerectomia, cirurgia que pode deflagrar a menopausa. Bonaro, coincidentemente, passara pela mesma cirurgia. Em pouco tempo, as duas outras mulheres entraram no papo. "Começamos a falar sobre ondas de calor e sobre a necessidade de levar uma camiseta adicional na bolsa por causa do suor", conta Holderby. Ela se lembra de que em um passado nem tão distante essas conversas não existiam, e nem mesmo mães e filhas conversavam sobre o assunto. Mas, de acordo com o Serviço de Recenseamento dos Estados Unidos, hoje existem cerca de 21 milhões de mulheres com idade entre os 45 e os 59 anos no país, o período em que a menopausa normalmente começa e se encerra.

Elas respondem por 20% das mulheres norte-americanas e por quase 7% da população total dos Estados Unidos. Não é incomum, portanto, que alguém ouça uma mulher de meia-idade resmungando sobre a falta de ar condicionado em um restaurante - mesmo em pleno inverno. E dada a abertura e até exibicionismo que caracterizam nosso tempo - comprovados por memórias que não escondem nada, blogs íntimos e estrelato no YouTube - uma condição pessoal tão comum e natural não precisa ser tratada com discrição, na opinião de muitas mulheres.

De fato, à medida que mais e mais questões íntimas - disfunção erétil, problemas de próstata, doenças sexualmente transmissíveis - são tratadas de maneira cada vez mais aberta em seriados e comerciais de televisão, mencionar as ocorrências características da menopausa em público não parece grande ousadia.

A comediante Roseanne Barr, 54, que costumava fazer piadas sobre a menopausa em seu seriado de TV, grande sucesso nos anos 90, resume a situação. "O humor torna pequeno tudo aquilo que é grande. Se você primeiro reconhece uma coisa e depois lhe dá o nome que ela merece, se torna muito mais fácil administrar a situação que está vivendo".

The New York Times
Fonte Terra
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